Ela acordou com um sorriso que ocupava todo o seu rosto. Um sorriso que já estivera lá outras vezes, mas agora mais intenso, mais real, mais sincero.
Embora ainda tivesse pouca vida vivida, ela havia sido aproveitada cada instante, cada momento, vivido o que havia de melhor e pior. De uma forma intensa e verdadeira. E as idéias não paravam de aparecer em sua mente, ela sentia uma fome de tudo, de novos lugares, novas pessoas.
Seus possuíam um brilho inigualável, que completava a alegria do seu sorriso.
Uma lembrança surgiu na sua mente, como o clarão de um relâmpago em uma noite nebulosa. Por um instante, o sorriso largo se transformou em um sorriso tímido, o frio na espinha a fez lembrar o que ela tinha tanto receio de enfrentar. O medo ensaiou uma chegada, mas bateu de frente com todas as novas possibilidades.
Ela não recuou, não retrocedeu, não vacilou. Foi até o espelho, levantou a blusa e viu a cicatriz. Era grande, profunda, mas já não era mais que uma cicatriz. Ela tocou para ver se ela ainda sangrava e pela primeira vez estava totalmente fechada. Apenas uma leve dor. E uma marca que teimava em aparecer.
Três anos voltaram à sua memória. Aquela cicatriz já havia sido uma grande ferida, que doeu, que sangrou, que incomodou, que mexeu, que a mudou. Ela olha agora para aquela marca e lembra-se de como já havia sido ingênua um dia. Mas ela entendia que aquela cicatriz a transformou em uma pessoa diferente. Ela havia mudado.
Olhou para o relógio, correu para trocar de roupa. Lembrou de escolher uma que escondesse a cicatriz. Ela preferia guardá-la para si. Neste momento, sentiu um tremor em seus pés, o chão tinha ficado irregular, acidentado. Por um breve momento ela não soube para onde seguir, a imagem da cicatriz havia deixado-a desnorteada. Mesmo assim seguiu. o sorriso aberto, de menina, voltou a aparecer em sua face. Precisava correr, a felicidade a esperava e ela já estava atrasada.
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